sábado, 29 de dezembro de 2007

Links para estudar

Caros amigos,

segue abaixo uma pequena relação de sítios interessantes sobre cultura grega antiga e demais objetos interdisciplinares.


http://www.letras.ufrj.br/pgclassicas/caliope.htm

http://www.letras.ufrj.br/pgclassicas/CVHC.htm

http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/

http://www.lhia.ifcs.ufrj.br/

http://www.revistamirabilia.com/

http://www.ifcs.ufrj.br/~fsantoro/ousia/

http://www.scriptaclassica.hpg.com.br/

http://www.nea.uerj.br/

http://br.geocities.com/ceiauff/index2.html

domingo, 14 de outubro de 2007

Conclusões sobre Ilíada e Aquiles

A Ilíada começa com a guerra já em seu nono ano. Agamênon toma a escrava de Aquiles e este, acreditando estar sendo agredido em sua moral guerreira, visto que conquistara diversas vitórias para o povo aqueu, afasta-se da guerra.

Uma das coisas mais interessantes da Ilíada é que ela é sobre Aquiles e não sobre a guerra propriamente. A estrutura do enredo preza por elevar Aquiles a um plano superior de excelência em contraste aos demais guerreiros, de forma tão característica que os acontecimentos convergem para a conquista de sua honra, tendo como demonstração mais acabada o episódio em que Heitor, maior herói troiano, sucumbe à força e ao ódio ferroz do peleide.
A ira de Aquiles se volta exclusivamente ao troiano quando este derrota e despoja as armas de Pátroclo, melhor amigo de Aquiles. No momento em que Aquiles toma conhecimento da morte do companheiro, o desejo de vingar-se de Heitor eclipsa seus olhos e, então, retorna à guerra, munido com as esplêndidas armas forjadas por Hefesto, deus ferreiro e amigo de sua mãe Tétis.

Heitor e Aquiles se enfrentam numa cena demais trágica, para não dizer a mais trágica da literatura antiga. Heitor corre ao ver a fúria de Aquiles, dando três voltas ao redor da cidade. Aquiles o acerta e o arrasta pelo chão, dilacerando o corpo pelo caminho e retirando toda beleza característica do adversário e tão cara para a cultura arcaica. Príamo e Hécuba assistem a tudo da torre. Andrômaca, esposa de Heitor, ao ouvir os gritos, corre à varanda e vê o amado morto, desfalecendo em seguida.

Aquiles trucida o corpo de Heitor de tal forma que os deuses punem os gregos fazendo longa sua viagem de volta em dez anos, como é disposta na Odisséia.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Guerra de Tróia - parte 2

Todos os reis e nobres gregos foram convocados para se lançarem à guerra. O líder da expedição era Agamênon, rei de Micenas e irmão mais velho de Menelau. Logo no começo da Ilíada são listados os líderes e de onde eles provieram no grandioso Catálogo de Navios.

Apesar de serem guerreiros, alguns dos convocados não queriam partir por alguns motivos.

Odisseu (ou Ulisses), rei de Ítaca, por ter conhecimento de uma profecia que dizia que este não retornaria para casa por vinte anos, fingiu-se de louco quando o mensageiro Palamedes foi convocá-lo. Conta-se que Odisseu ficou zanzando pela praia com duas mulas atreladas a um arado, como se estivesse fora de juízo, mas o tal mensageiro, demais perspicaz, colocou Telêmaco, filho de Odisseu, bem na frente das mulas, o que fez o herói voltar ao estado normal.

Os pais de Aquiles, Tétis e Peleu, também tentaram evitar que o filho seguisse para a guerra, por saberem por uma profecia que o herói não retornaria com vida, sendo morto em Tróia por Páris. Então, Tétis e Peleu enviaram Aquiles para Ciros, disfarçado de moça, para que se juntasse às filhas do rei daquele lugar. Inclusive, durante sua estadia, casou-se com uma das moças com quem teve um herdeiro. Odisseu, homem astuto, sabendo que Tróia não seria derrubada sem Aquiles, foi a Ciros convencer o pelida a acompanhá-lo.

A frota estava concentrada em Áulis, de onde deveria partir, mas os ventos não estavam ajudando no embarque. Foi então que o profeta Calcas revelou que a deusa Ártemis liberaria o vento mediante o sacrifício de Ifigênia, filha de Agamênon. Este ficou horrorizado com a profecia, mas acabou cedendo pela pressão dos companheiros. Ifigênia foi atraída a Áulis sob o pretexto de se casar com Aquiles, mas em vez do casamento, ela foi morta sobre o altar.

Uma vez o vento a favor dos guerreiros, os navios partiram em direção a Tróia.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Iniciando a Guerra de Tróia

Muitos esforços já foram feitos a fim de se verificar a veracidade de uma das lendas mais importantes que sobreviveram da cultura grega antiga: a Guerra de Tróia. Pesquisadores acreditam que o local do evento esteja localizado no monte Hissarlik, na planície de Dardanelos, no noroeste da Turquia, descoberta que data do final do século XIX.

Apesar da identificação do local, a Tróia mitológica ainda é um mistério. Isto porque o nível em que se acreditava estar a cidade é bastante recente - da ordem de mil anos - comparado ao período em que teria ocorrido a guerra, referente ao final da era micênica(1600-1200 ac). O problema fundamental de identificação reside no fato do monte Hissarlik ter passado por níveis sucessivos de habitação, sendo que um dos níveis mais antigos parece ter sido queimado até o chão, possivelmente após um cerco à cidade, por volta de 1.200 ac.

Algumas das estórias sobre a Guerra de Tróia podem ser encontradas em dois poemas épicos: Ilíada e Odisséia, ambos de Homero. Especula-se que existiram outros registros anteriores aos de Homero, mas que foram perdidos ao longo do tempo, além de uma riquíssima memória oral do acervo popular, que pode ter sido reunida para formar as duas grandes epopéias acima citadas.

Acredita-se que a origem do conflito pode ter começado ainda com Prometeu, primo de Zeus, ao dar o fogo aos homens. Sendo o fogo um dos benefícios unicamente desfrutado pelos deuses, Zeus puniu Prometeu, acorrentando-o no alto de um monte e enviando diariamente uma águia que lhe comia o fígado, que à noite tornava a crescer.

Prometeu teria sido libertado por Zeus mediante um acordo: o de lhe revelar uma profecia absolutamente sigilosa. Conhecida unicamente por Prometeu, a profecia dizia que Tétis, a ninfa do mar, belíssima e cortejada por vários deuses, ao se casar, teria um filho que seria mais grandioso que o pai. Zeus, sabendo disso, desistiu de contrair núpcias com Tétis e decidiu que ela se casaria com o mortal Peleu. O filho nascido seria Aquiles, um dos maiores heróis que a Grécia já conheceu.

O casamento de Tétis e Peleu foi uma grande festa, na qual foram convidados todos os deuses, exceto uma, Éris, a deusa da Discórdia.Vingativa, Eris entrou abruptamente na festa e jogou ao chão uma maçã com a inscrição "A mais bela", conhecida como o Pomo da Discórdia. Hera, Afrodite e Atena requisitaram a posse da maçã. Zeus, numa situação desconfortável, visto que Hera era sua mulher e Afrodite e Atena suas filhas, resolveu enviá-las ao monte Ida, a fim de serem julgadas por um belo pastor chamado Páris.

Páris era filho de Príamo, rei de Tróia. Sua esposa Hécuba, quando estava grávida do menino, teve um sonho onde dava luz a uma tocha com serpentes. Assim, reticente quanto ao possível aviso, Príamo entregou o filho recém-nascido para ser morto no monte Ida. A criada, responsável pela façanha, não teve coragem de matá-lo e o deixou no monte para morrer. Salvo por pastores, Páris foi criado para ser um deles também. E assim o tempo passou.

Hermes, por ordem de Zeus, encaminhou as três deusas ao encontro de Páris, enquanto este pastoreava o rebanho. Cada deusa ofereceu uma recompensa caso fosse escolhida como a mais bela: Hera ofereceu riqueza e poder; Atena, sabedoria e habilidade bélica; e Afrodite, o amor da mais bela mulher do mundo. Páris, conferindo o prêmio a Afrodite, imediatamente ganhou o ódio das outras duas deusas.

Na época, a mulher mais bela do mundo era Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Páris foi visitá-los, sendo recebido muito bem pelo nobre, mas em retribuição, acabou raptando Helena. A partir dessa quebra de hospitalidade, o sentimento de recobrar a honra cresceu no coração dos gregos, o que ensejou a começo da guerra.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Aedos e Rapsodos: uma introdução

É com extremo prazer que inauguro este espaço dedicado ao estudo da cultura grega antiga, em especial a uma de suas vertentes mais fascinantes: a poesia.

Para começar, nada mais justo que uma breve explicação do que venha a ser "aedos e rapsodos", expressão que intitula o blog.

É importante compreender, logo de início, que a poesia para o grego antigo significava um dom concedido pelas Musas; uma graça dos deuses. Sendo fruto de inspiração divina, a poesia, portanto, era exterior ao poeta, visão bastante diferenciada da que temos hoje, cuja célula propulsora da criação seria o jorrar da subjetividade do próprio artista. Segundo Cícero, ninguém saberia ser poeta se não fosse inflamado pelos espíritos e se não houvesse um sopro inspirado comparável ao delírio.

Dessa forma, conceituava-se também o poeta como um mestre da verdade. Isto porque as Musas, que soprariam as palavras de sabedoria, seriam filhas da Memória, potência religiosa ligada à Verdade.
Verdade para os gregos não significava o contrário de mentira, como é em nossa sociedade. Verdade (Alétheia) era o oposto do Esquecimento(Léthe). Alétheia dá brilho e esplendor. Léthe faz silêncio e obscuridade. A alta honra na sociedade arcaica era ser imortalizado pelas palavras do poeta. Seriam palavras incontestáveis, portanto, verdadeiras.

A “palavra cantada” tem o poder de engendra-se na memória coletiva do povo, sendo transmitida pelas gerações como uma fonte real e profunda de conhecimento do que foi, é e será.

O aedo seria aquele que antes de "cantar a verdade" clamaria pela presença das Musas, e uma vez entusiasmado (theos = deus, entusiasmo=com deus dentro), ele começaria a transmitir as mensagens divinas.
Era uma espécie de possessão; uma espécie de revelação. Era o próprio deus que falava através do poeta.
Neste momento, segundo Platão, o poeta era privado de todos os seus sentimentos, e a razão suprimida em absoluto. O ensinamento transferido criava um arcabouço riquíssimo de conhecimento durável, cujos assuntos variavam desde os feitos humanos até a origem do mundo e dos deuses (ver Teogonia, de Hesíodo).
Dentro dessa questão, pode-se dizer que o aedo, ao lado do arauto e do adivinho, foi um dos responsáveis pela transmissão da tradição, dos costumes e, em última análise, da formação social da Grécia Arcaica.

O rapsodo, por sua vez, seria quem interpretava o poeta. O rapsodo era o terceiro da cadeia por onde a Verdade seguia sendo transmitida. Imagine o seguinte esquema: A musa passa a mensagem para o aedo, que posteriormente é transmitida pelo rapsodo e, seguidamente, transmitida para os ouvintes e entre eles. De acordo com Platão, nessa cadeia, chamada de magnética, um elemento se ligaria e se encadearia ao outro pelo entusiasmo, e pelo mesmo entusiasmo o conhecimento tornava-se sabido e sedimentado.

Para fechar, uma citação do diálogo Íon, de Platão, que resume bem toda a idéia acima exposta.

" Con esto, me parece a mí que la divindad nos muestra claramente,para que no vacilemos más, que todos estos hermosos poemas no son defactura humana ni hechos por los hombres, sino divinos y creados porlos dioses, y que los poetas no son otra cosa que intérpretes de losdioses, poseídos cada uno por aquel que los domine".


Um grande abraço,
e até a próxima!